Reportagem zerozero sobre o Barreirense e o Fabril
Já lá vai o tempo em que os dois grandes clubes do Barreiro jogavam nos principais palcos do futebol português. O FC Barreirense e o Grupo Desportivo do Fabril vão encontrar-se pela primeira vez no campeonato distrital da Associação de Futebol de Setúbal. O zerozero conta-lhe como é que as equipas estão a preparar-se para a grande temporada que aí vem, uma vez que só uma equipa da distrital poderá alcançar a subida ao Campeonato de Portugal Prio (CPP).
Do passado ao presente
Os jovens barreirenses não saberão, mas certamente as gerações passadas viveram e recordam os anos de glória das equipas da cidade.
O FC Barreirense conta com 106 anos de existência, 24 presenças na primeira liga e, em conjunto com o Rio Ave, é o 14º clube com mais participações na principal liga portuguesa. O Barreirense contou com grandes nomes do futebol português, como por exemplo, Manuel Bento, Chalana e José Augusto. Os alvi-rubros ficaram na história do futebol ao alcançarem a quarta posição no campeonato português e em consequência o apuramento para a Taça dos Clubes das Cidades com Feiras, antiga Taça UEFA. No Barreiro, a equipa da casa derrotou o Dinamo Zagreb por 2x0, mas na deslocação à Croácia, o Barreirense foi goleado por 1x6 e acabou por ser afastado na primeira eliminatória.
«Passei grandes momentos no Barreirense. Não esquecer que o Barreirense apesar de ter descido no ano em que eu fui para o Benfica, o Barreirense foi 10 vezes campeão da segunda divisão. É um clube que tem um historial bastante grande...», recorda José Augusto ao zerozero.
«Continuo a acompanhar o Barreirense, mas com uma mágoa muito grande, pois o meu clube está agora pelas distritais. É realmente doloroso, para nós barreirenses, que vimos o Barreirense crescer, ver o clube agora assim», sublinha.
Por sua vez, o Grupo Desportivo da CUF foi criado em 1937, conta com 23 presenças na primeira liga e é o 18º clube com mais participações no principal escalão, os mesmos que o Farense. O clube tem como estádio o mítico Alfredo da Silva que conta com uma lotação para cerca de 20 mil pessoas. Nos anos de glória, a antiga CUF jogou com o poderoso AC Milan para a Taça dos Clubes de Cidades com Feiras. Com o estádio Alfredo da Silva repleto, a equipa venceu os italianos por 2x0. O clube contou com grandes nomes do futebol português, como por exemplo, Manuel Fernandes, Conhé e Carlos Manuel. Nos anos 90 o clube mudou de nome para o GD Quimigal e na era de 2000 afirma-se com o nome atual GD Fabril.
Contudo, os anos que seguiram não foram os melhores para os clubes do Barreiro. O GD Fabril e o FC Barreirense encontram-se neste momento na distrital e é a primeira vez que os dois rivais do Barreiro vão estar juntos no campeonato da Associação de Futebol de Setúbal.
«Era uma rivalidade sã, porque a maior parte dos sócios do Barreirense eram empregados da CUF. Mas já nada será como era, e é uma pena, termos no distrito de Setúbal apenas o Vitória na primeira divisão. Recorde-se que, além do Barreirense e do Fabril, o distrito já teve grandes clubes, como Seixal, o Amora e o Montijo, todos passaram pela primeira divisão», lembra o antigo internacional português.
Um longo caminho para o Campeonato de Portugal
A pré-época só arranca a 21 de agosto, mas os emblemas já só pensam no regresso e no começo do campeonato, que está previsto para o início de outubro. No lote de 16 equipas, entre as quais, claro está, o Barreirense e o Fabril, só uma poderá subir ao CPP.
«Acho que vai ser uma época muito desgastante pois há equipas muito fortes neste campeonato e vai ser uma boa luta até ao fim pelo título. Obviamente que haverá três ou quatro equipas com o objetivo de subir e o Fabril é uma dessas equipas», garante Bruno Severino, avançado que trocou o Barreirense pelo... Fabril.
«O Fabril está-se a reforçar-se bem, pois o objetivo deles é subir, mas nós também queremos subir e vai ser uma luta renhida até ao fim. A mentalidade tem que ser essa, o Barreirense não pode ir para um campeonato distrital só por ir, temos que ir com a mentalidade que é para subir, ponto final», disse Crisanto, capitão do Barreirense ao zerozero, que curiosamente foi formado no Fabril.
«Joguei no Fabril durante 12 anos e ainda fui campeão distrital, mas depois de ter saído já joguei algumas vezes contra eles», resume.
Procurar renascer nos distritais
«Estas rivalidades é que dão o espetáculo ao futebol. É bom para a terra, é bom para o futebol e é bom para toda a gente»
É desta forma que Faustino Mestre, presidente do Fabril, aborda a realidade dos dois clubes do Barreiro.
Em ano de reencontro, agora pela primeira vez nos distritais, o dirigente da antiga CUF lembra que para conseguir o objetivo não basta apenas vencer o rival Barreirense.
«O nosso rival não é só o Barreirense, também temos de ganhar aos outros todos. Mas o Barreirense é um rival que respeitamos e ao qual queremos ganhar, temos de ganhar e vamos ganhar!», garante Faustino Mestre ao nosso portal.
«Quem pensar que o campeonato se vai resumir apenas a Barreirense e Fabril está muito enganado. Vamos ter um campeonato muito duro e exigente, com muitas equipas fortes», corrobora Pedro Amora, treinador do Barreirense.
«Aquilo que se passa no Barreirense e no Fabril, não é mais do que um reflexo político e daquilo que a terra hoje tem. É que parece que só o futebol é que está mal no Barreiro. O Fabril está mal, mas não deve nada a ninguém», destaca o presidente do Fabril.
Disputa acesa pelo primeiro lugar
Ainda faltam alguns dias para o arranque dos trabalhos de pré-temporada, mas as estruturas diretivas já trabalham no reforço dos respetivos plantéis. O trabalho é árduo, sobretudo porque alguns jogadores optaram por não acompanhar a equipa até aos distritais.
«Alguns jogadores não se mantiveram porque não querem jogar na distrital... Depois temos aqueles jogadores que têm qualidade, humildade e que não se importaram de jogar com uma equipa que quer subir», descreve Faustino Mestre.
«Só um grupo com grande caráter, forte, unido e ambicioso é que é campeão, como tal a construção do plantel está a ser feita com muito critério. Queremos jogadores de carácter, com grande compromisso com o grupo de trabalho e com o clube», aponta Pedro Amora, treinador do Barreirense.
«O ideal será uma mescla de experiência com a formação do clube e nesse sentido posso adiantar que 50 % dos jogadores do plantel serão oriundos da formação», acrescenta o técnico que chegou ao clube em 2016.
E no que toca a ser candidato, o presidente do Fabril é taxativo: a subida é objetivo declarado.
«Não admito aos treinadores e aos jogadores que o cenário seja outro que não a subida. O Fabril vai ser o primeiro. Não é para andar neste sobe e desce que tem sido nos últimos seis anos», finaliza.
O GD Fabril e o FC Barreirense prometem lutar até ao fim, mas uma coisa é certa, força e determinação não vai faltar aos clubes do Barreiro, que certamente vão dar tudo em campo para no mês de maio alguém acabar a... sorrir.
In zerozero.pt
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